Francisco, o Chicão ou o Misericordioso, partiu. Saiu de cena, aos 88 anos, após anos de dedicação em uma Igreja, uma religião que tem seus dogmas, mas que mostrou a ele — e por meio dele, a tantos outros — a face mais humana da fé. Foi pastor de almas, conselheiro dos aflitos, amigo dos esquecidos.

De voz mansa e olhar firme, Chicão caminhava entre os pobres como quem caminha entre reis. Falava pouco, mas dizia muito. Pregava mais com gestos do que com palavras. Sua batina cheirava a café coado e chão de terra — sinais de quem conhecia bem o interior do Brasil e o interior das pessoas.

Nunca quis títulos, nem palácios. Quis pão, abraço, e justiça. E se tornou, por isso mesmo, um gigante. Sua partida deixa um vazio, mas também uma herança: a de que a misericórdia pode ser uma escolha diária, um ato político, uma maneira de estar no mundo.

Não é preciso ser religioso ou batizado pra entender da dimensão desta partida. Vai ter gente que diga que São João Paulo II foi o Papa da Virada, mas o Chicão, queridos, esse foi o Papa do Século XXI.


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