Se a vida imita a arte, meu último semestre foi um capítulo perdido de algum livro da lista da Fuvest.
Começamos como uma maratona. O ritmo era frenético: aulas, avaliações, posts. Mas, como nos versos imortais de Carlos Drummond de Andrade em Alguma Poesia, “no meio do caminho tinha uma pedra”. Ou melhor, tinha um trincado. Setembro trouxe o “compromisso com o acaso”: um pé quebrado, muletas e a imobilidade forçada.
Para quem convive com a Ansiedade Generalizada, a reclusão não é silêncio, é ruído. Senti-me um pouco como o protagonista de Graciliano Ramos em Angústia: o corpo parado, mas a cabeça girando em um turbilhão, remoendo o “se”, a falta da rotina e a saudade daquelas “crianças” — agora jovens — que eu via crescer.
O mundo lá fora seguia, e a sensação era de descompasso, de ser uma observadora passiva da própria narrativa.
Mas, como bem nos ensinou Guimarães Rosa (cuja essência permeia Campo Geral e o Sertão), “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”. E a minha travessia exigia retorno.
Voltar foi um choque de realidade dos bons. Era preciso planejar o próximo ano e, simultaneamente, entender o que havia mudado na minha ausência. Encontrei uma sala de aula que exigia mais do que conteúdo; exigia presença.
Foi então que o espírito de Pepetela em Mayombe se fez presente. Assim como os guerrilheiros que lutam coletivamente, encarei os TCCs de Jogos Digitais. Não era apenas sobre entregar um projeto; era sobre a camaradagem, o medo e a coragem de fazer acontecer.
Segui firmemente com a classe até o final, buscando a execução perfeita não por vaidade, mas para que, tal como guerreiros após a batalha, eles pudessem “dormir bem” antes de encarar o dia seguinte na Bartô.
Nesta sexta-feira, gravei os vídeos derradeiros. Encerro meu primeiro ciclo de 2 anos nas Etecs. Mais de 300 alunos, turmas inteiras com quem compartilhei três disciplinas, e outras que, por força maior, confiei a colegas brilhantes.
A lição que fica não é sobre a queda, mas sobre o levante. Fica o meu “até logo”, o meu “muito obrigada” e a promessa audaciosa: quero ser paraninfa em 2026 (não é mesmo, AMS e turma A?).
Agora, diante do fim deste capítulo, resta a dúvida cômica que nenhuma lista de vestibular responderia. Para eternizar a despedida, o que a narrativa pede?
🍮 A pragmática de um site de pudim com Firebase?
🎶 Ou o lirismo pop de cantar “Voyage Voyage”?
Ajudem essa professora a escrever o epílogo. 👇




























Obs. Ainda não recebi as fotos do TCC de Jogos. Essa galeria será atualizada.

